sábado, 19 de julho de 2014

Short Novel - Heróis de Areia ~ Capítulo 14: Countdown!


Capítulo 14: COUNTDOWN!


O tiro da arma diminuta disparou, e seu projétil rasgou, deixando um rastro rosa-fúcsia pela sua cauda, no espaço entre Florença e Cordas.
Com violência, o Hunter levantou seu machado, como se erguesse uma bandeira de sua pátria, de baixo para cima, fazendo sua lâmina cortar o chão e buscar o céu, no momento exato que o projétil chegara a dois metros do seu coração. Cortou o tira luminosa em duas partes e suas metades caíram paralelas porém distantes do homem, explodindo em seguida. Seu machado vibrou quando acertou o tiro que almejava, de forma sedenta e decisiva, o seu peito.
Florença sorriu, agachando-se no chão e se posicionando de forma ofensiva. Quatrocordas estava com uma expressão quase de pânico e seus dentes estavam travados. Deve ser por isso que a Lullaby sorriu: aquele homem, com toda aquela força que possuía, ainda tinha de se esforçar — e muito — para não perder.
O Hunter posicionou o machado na frente do seu peitoral e desferiu um golpe de sua maça no chão, ao que a criatura escapou facilmente dos pilares naturais que subira do chão e da pequena cratera que rachava no deserto. Quatrocordas estranhou o resultado do seu golpe: sentira que algo estava travando, de forma considerável, seus movimentos e força que exigiam poder muito bem calculado. Notou rapidamente que as culpadas disso eram as alças de sua mochila.
Na fração de segundos que sucedeu, Cordas ficou ainda tenso: lembrara que carregara na mochila. Era extremamente perigoso ficar com aquilo nas costas;precisava esconder imediatamente , a todo custo.
A todo custo, precisava levar os pergaminhos ao Deep Sea, porém, jamais poderia levantar suspeitas de Florença. Sair vivo desta enrascada seria por si só um problema e tanto; se a Lullaby descobrisse que a verdade estava nas mãos de um Hunter, então o mundo todo estaria ameaçado para sempre.
Procurou rapidamente algum estrutura rochosa que pudesse esconde a mochila que detinha os importantes documentos: olhou rapidamente ao redor, e da primeira vez não houve tempo para criar esperanças; Florença já tinha avançado novamente para cima dele.
Ela jogou os braços para trás e girou a cintura para o lado esquerdo a perna direita e alternando a oposta apoiando no chão, enquanto girava. Seus chutes consistiam em sentidos giratórios, sempre avançando com a graça do balé e mortal como o Kung-fu.
Sua velocidade e força impedia que Quatrocordas saísse do bloqueio realizado graças ao Simmons e a Morning Star, e o impacto de cada chute o fazia recuar inconscientemente. Abaixou e levantou rapidamente, travando com suas armas cruzadas, os pés da Lullaby.
Exerceu sobre elas relativa pressão, de modo que prendeu a perna da criatura com o lado chapado do machado e o cabo da maça. Quando teve certeza que imobilizara boa parte da panturrilha , começou a girar em movimento de rotação.
Cordas girou e logo tirou a criatura do chão, presa às armas dele pelo pé. Ele deve ter girado umas oito vezes e só quando teve certeza que girava rápido, descruzou de súbito o machado e a maça e Cordas relembrou que, se por um lado ela era leve e ágil, ela também poderia ser arremessada com facilidade.
No horizonte que mantinha-se ampliado e imponente à sua limitada visão, a Lullaby distanciava com grande velocidade, graças ao seu arremesso. Ela entrava de cabeça no profundo cenário de nuances alaranjadas, de marrom e cor-de-terra. Quatrocordas sabia que não havia a menor possibilidade d´ela não comer areia. Mas ele torcia que tivesse uma chance remota de, com o arremesso e queda, ela ficasse um bom tempo imóvel.
Com as armas empunhadas em cada mão, olhava para os lados e procurava com pressa, na vasta área que se situava, uma elevação, um amontoado qualquer de rochas onde eu pudesse guardar o Santo Graal daquele seu mundo. Não era só pelo interminável extensão daquela realidade, seco, quente, empoeirado, onde a solidão estava contida em cada grão do infinito. O mundo dos Hunters não era tão grato a ponto de ter cópias e mais cópias daquele documento tão importante que estava em sua mochila. Além do mais,Cordas os tirou de um local nada fácil de encontrar. E, para encontrar, precisou de uma informação ainda mais rara, proveniente de uma amizade verdadeira. Vindo de um Hunter que abdicou-se da eterna luta em troca do conhecimento. De um caçador que achou, enfim, um caminho.
Poderia Cordas estar procurando, com a mesma profundidade, esse mesmo fim?

A certeza era que, ao menos, ele estava sendo testado, com o pior azar possível...

Avistou, enfim, uma estrutura rochosa a uns cinco quilômetros e meio de distancia.  Do local que enxergou tal estrutura, calculou que tivesse uns dez metros de altura. Era mais do que precisava, era totalmente possível esconder a mochila ali e lutar "tranquilamente", afastado de lá. Mas, na mente de Cordas, algo não encaixava. Ele sentia que precisava raciocinar, e bem, quanto à situação. Sentia que estava fazendo algo contra a sua vontade, que mudara radicalmente nestes últimos dias. Esse incômodo estava presente na luta contra Belthias, e agora mais ainda contra sua algoz Florença.
No momento, Quatrocordas precisava se concentrar em proteger os documentos. Depois, ele precisava planejar em como resolver as outras coisas.
Virou-se, e foi em direção à distante formação de rochas. Quando começou a correr, ouviu ao longe o impacto do corpo dela chocando-se no chão, e o estrondo que ecoou, abrindo um caminho isolado no chão empoeirado.
O Hunter encarou o barulho como uma contagem regressiva: a partir daí, ela poderia levantar enfurecida afim de brincar à sério. Então, para correr mais rápido, o Hunter arremessava suas pesadas armas para frente na direção do amontoado de rochas e, assim que as alcançava, apanhava e arremessava-as novamente. Ele manejava um machado e uma maça nem um pouco leve. Embora as manejasse com maestria, elas faziam sua velocidade cair muito.
O homem ja havia corrido metade do trajeto quando a Lullaby, ao longe, levantou. Pô-se a perseguir o Hunter com boa velocidade atrás de Quatrocordas e este ainda via-se longe da estrutura. Continuou fazendo o mesmo processo de arremessar as armas e neste meio tempo arquitetou algo a se fazer para atrasar ainda mais a criatura. Entretanto, para colocar em prática, precisava te-las em mãos e parar de correr.
Florença estava cada vez mais perto e Quatrocordas não teve escolha. Precisou parar e, volta-se para a Lullaby. Apertou com força o cabo da maça e esperou a criatura estar relativamente perto. Calculou o momento certo e assim que pôde, saltou, erguendo a Morning Star. Quando caiu, acertou com grande força a maça-estrela no chão, erguendo a colossal barreira natural.
Não esperou a certeza de ouvir o choque da criatura do outro lado da extensa e grossa parede: voltou-se para o amontoado e correu o quanto podia. Sem parar, e se aproximando das rochas empilhadas, foi tirando a mochila das costas. Neste instante, o homem foi surpreendido por uma luz rosa-intensa, quase lilás, que chegou momentaneamente assim que o brilho desceu e explodiu as rochas que serviriam de esconderijos para a mochila.
O homem alto cobriu os olhos com o braço direito, ainda segurando a maça-estrela e uma chuva de terra seca o cobriu.
Florença veio dos céus e pousou no que sobrara do amontoado de pedras. Cordas tirou o braço da altura dos olhos e viu o seu plano falhar miseravelmente.

— Que falta de educação me deixar para trás, Cordas. Onde pensava em ir?

— ...Eu estava procurando uma chapelaria, mas parece que ela acabou de ir para os ares!...

A Lullaby pareceu não entender a piada do homem. Este murmurou:

—Não vai ter jeito mesmo, né?

O Hunter encravou a lâmina do machado no chão ao seu lado e a Lullaby, que estava na ponta dos pés sobre a elevação, esboçou uma expressão de interrogação. Ele tirou a mochila e arremessou longe, à sua esquerda. A criatura nao fez menção de virar o rosto para acompanhar o pouso da mochila distante dali. Continuou a olhar o homem com um interesse singular. Os olhos dela faiscavam quando o via e Cordas aborrecia-se profundamente com isso.
Ele começou a contar os dedos, sem tirar os olhos de Florença e inconscientemente, perguntou ao léu:

— Estamos próximos do vigésimo dia do mês? Passei tanto tempo escondido que me perdi na contagem das luas...

— Não seguimos essas nomenclaturas que vocês Hunters precisam para situar-se em vida.

— Essas nomenclaturas trazem algumas informações importantes — E, baixinho, continuou — Por exemplo, em uma batalha contra vocês, quanto tempo temos para silencia-las antes que nos enfiemos num problema maior.

— O que quer dizer com isso? — Disse a Lullaby enfurecida.

— Significa que, se eu estiver correto, terei de terminar essa luta em menos de três semanas, se eu quiser ter uma chance remota de te vencer.

— Hmm, então é por isso que vocês contam os dias naquilo que nomeiam como calendário? Só para estarem a par de nós, Lullabys?

—Hoje em dia, contá-los só servem para isso. Estão inteiramente ligados a nossa chance de sobrevivência!

— Eu não creio que você tenha a menor chance comig...

— Por isso eu te disse — e, tirando o casaco que mais parecia trapos sobre seu corpo robusto — Vou ter de terminar essas luta em menos de três semanas!

Cordas agarrou o cabo de prata do machado Simmons e tirou-o do chão:

— Venha, criatura!

E a Lullaby prontamente atendeu o seu pedido...
  

Nenhum comentário:

Postar um comentário