domingo, 24 de março de 2013

A silenciosa e diária luta contra o

Quando temos um alvo, um ponto vermelho ou qualquer outra cor que indique onde deve acertar; Uma massa, matéria que está ali, dizendo com todos os códigos do Universo que precisa ser enfrentada; que trocará energias agressivas conosco ou partirá para cima, mesmo nós não fazemos nada e, que a nossa vida se baseia em lutas e instintivamente teremos de nos defender, atacar, acertar e conquistar a vitória, subjugando o adversário, se torna, ao ler essas linhas, algo fácil e desafiador na teoria.

O coração acelera e sentimos o sangue ser bombado mais rápido pelas veias, quando passamos do estado teórico e vamos logo à pratica.


Mas, e se o alvo, inimigo ou adversário for invisível?


E pior: usando nós mesmos para nos auto-atacar?


Antigamente, os sábios e os mais evoluídos espiritualmente, segundo constam em páginas e na imaginação da humanidade, eram avisados de maus presságios através das estrelas - pontos luminosos que continham O Mistério e a Verdade, ou através das tempestades que se aproximavam. Eventos naturais, hoje em dia comuns e conhecidos por todo o mundo, eram antigamente devidamente respeitados, estudados e até temidos.
Ficou tão banal nos livros de Ciências que a crença e os estudos tão genuinamente ligados com a Verdadeira Natureza não passa hoje de Mitos, e mais uma vez, o ser humano atira no próprio pé, ignorando o que poderia muitas vezes salvar a Vida ou faze-lo pensar mais vezes.
Mas nem tudo está perdido: embora as forças, tanto do Bem quanto do Mal existam, elas ainda são avisadas por coisas simples. Como? Quando se trata de algo ruim, se manifesta nas coisas que mais nos chateamos e mais queremos que passe logo: indisposição, vontade de chorar sem motivo aparente, etc. E quando ainda mais pesadas, em eletroeletrônicos queimando, sensação de falta de ar quando não se fez nenhum esforço físico, calafrios involuntários, crise de desespero, costas pesadas, vultos e imagens grotescas que se camuflam na sombra.

O Problema é que esses avisos ou sinais avisam não o que está por vir, mas sim o que já chegou.

A luta então se torna extremamente desleal, se tentarmos sozinhos. Não conseguimos afetar ou até mesmo mudar a realidade ao redor pois já estamos tomado por Fracassos, falta de energia, deficit de confiança e assim, fica muito mais fácil ser dominado.

Errar é humano, constantemente fica claro que tem algo de muito errado. Na lista, será atingido tudo que amamos e gostamos, desde pessoas até coisas abstratas que damos valor.
A sensação, além de uma luta perdida, é andar em cima de uma esteira que corre lenta e cinicamente para trás.

Lá fora, JAMAIS podemos mostrar fracasso. Pegamos a Máscara do Lutador Perfeito e vivemos nosso dia, repetindo inúmeras vezes que essas coisas não existem e que sermos de Energia (ironicamente constatado pela Ciência), nada influencia em atrair outros tipos de energia semelhante na qual nos encontramos. Porque vivemos uma vida séria e REAL, sem fantasias.
Neste ponto, gastamos mais energia como um ator num teatro apresentando um peça da qual faz por amor, por ser extremamente desafiador.

"O importante é lutar, lutar lutar e VENCER!" Repetimos a cada segundo. Mas lutar com o que? Com Quem? Nós mal o enxergamos. Nem sabemos onde está e mesmo que saibamos, não conseguiremos atingi-lo. E nesse mini-jogo, vai mais energia pro ralo, desta vez mental.

Precisamos acertar algo, dar um hit e mostrar quem manda. Quem? QUEM? E começa a ficar inconscientemente atrativo atacar ou ferir aquilo que sente, que chora, que se magoa.

...

... O Afastamento é o resultado daquilo que acertamos por desespero. Mas o inimigo e o alvo nunca foi o que derrubamos. Aquilo continua do seu ladinho. As vezes vai embora, satisfeito. Quando não, teremos o dobro dos problemas.

A quanto tempo estamos lutando sem saber? Além de não sabermos onde atacar, não nos avisaram que ainda estávamos lutando. Nossa... faz tanto tempo que não me lembro quando começou.

A mente vacila: não dá os comandos certos. Diz levantar o braço direito, mas só consegue o esquerdo que, sem muita habilidade, acerta o rosto com um tapa. O Erro acaba sendo divertido, mas não para nós. Apenas para quem controla. A brincadeira se torna instigante, divertida e mortal.

Vejamos o que mais dá pra fazer. Será que conseguimos brincar de se suicidar? É leve, vai ser legal e divertido...
O soco vai contra o espelho. Mal conseguimos acreditar que o Estresse do dia-a-dia, lidando com pessoas extremamente equilibradas e puras nos fez socar a própria imagem no espelho. Este, indica quem se machucou. O reflexo é só um reflexo. Mas o punho sangra e sente dor. Com sorte, não irá ao médico e não trará nada dos corredores daquele lugar bem movimentado, até quando está vazio...

Bacana. Gostei dele. Vou querer levar comigo. Parece que aqui será mais divertido com a sua presença.
Armadilhas são um estágio bem avançado da luta cega. Ela ainda continua desleal. A mão louca para acertar algo, insana, quer ainda combater, mas tudo que acertou materialmente está longe. Mas o espelho é traidor e já indicou quem é o mais próximo.Ainda existe um. Um.

O pescoço sente-se apertado. O Coração se desliga de tudo que já foi Amor na Terra. Os olhos enxergam gradativamente as cores escorrerem e secarem no chão, deixando tudo preto-e-branco.
A sensação de estar longe, e não aqui neste mundo.
Um cigarro aqui e um copo ali alivia a tensão de quem está perdendo, e deixando um passo ainda mais perto de perder.
A mente chora pelos membros estarem tremendo de cansaço. E começa a achar alguma outra alternativa, pensando se tudo isso tem ou faz sentido.

Por fim, quando a Morte não é o juiz do fim da luta, um suspiro de Luz passa relampejante no Território dos Pensamentos: Será que, minha desistência está sendo de alguma forma, controlada?
Se conseguir provar que sim, então presume-se que ainda haverá mais alguns rounds. os pés dançam descoordenadamente enquanto a arma engatilhada está apontada para algum canto escuro da casa. Mas isso só dentro da mente já infectada: na verdade ela está apontada na região acima da orelha ou dentro da boca da marionete. As balas são invisíveis no tambor, mas acertam e seus efeitos são bem reais.

Pra vencer, é preciso unir duas letras. Uma consoante e uma vogal. Só. Só.
Mas, a esta altura, foi roubado de nós o estudo e a crença no Alfabeto. E letras são só letras.
A última luta, na beira do abismo: Lutar contra o que foi desacreditado.

Resgatar o que foi perdido.

E chutar o traseiro das sombras que nos enforcam.

sábado, 16 de março de 2013

O Profundo Esquecimento

...Agora, se deparou com uma "realidade" a ser observada. Tudo aos poucos, começa e ter o brilho desfocado por uma espessa névoa negra. Ainda não possui assombrosa densidade, no entanto ela já pairou.
Está sendo respirada diariamente, segundo a segundo, pelos que lutam para sobreviver. Desde os mais nobres aos mais miseráveis, pouco se importando com classe, cor ou credo, tudo está sendo banhado por "isto".
Qual o efeito dessa névoa?


...O Esquecimento...


As buzinas. As poluições normais de um lugar populoso, o barulho de um milhão de vozes, sirenes, motores, tudo está dentro de uma confusão. Não sei até onde essa confusão é proposital, mas agora ela começou a rodar.
Olho pra cima e não vejo mais nuvens: carros, árvores e casas rodopiam numa caótica dança dentro da ignorância.

E fechamos os olhos, por achar que apenas "ciscos" irão incomodar nossa visão. Talvez pelo fato de parecer que o tempo encurta quando estamos de olhos fechados, e desejando que tudo isso passe bem rápido. Não passará pois dai notamos que estamos esquecendo de algo...

O Primeiro Esquecimento: Do Perigo.

É mortal permanecemos indiferente de tudo que está pronto para nos levar brutalmente daqui. Não mexemos um músculo para entendermos ou até mesmo mudarmos a origem do furacão que, com suas infinitas voltas, varre sem pensar e pesar o que encontra em seu caminho: alimenta-se dos gritos e goza da visão em arremessar objetos mortos e vivos para cima, dilacerando-os em sua dança negra.

Os que fazem um relativo esforço também não agem certo, mesmo acreditando no contrário. Colocam fones ou tapa ouvidos nas orelhas de nossas crianças para proteger desse "vento passageiro" que desde os primórdios ele existe, mas não era de todo esse poderio. Acham que estão protegendo-as. Estas, por sua vez, ouvem apenas o barulho que querem. Os pais não sabem , ou não querem pensar que futuramente, eles tirarão os fones e nada saberão fazer quando se depararem com o barulho monstruoso do redemoinho da destruição.


Entra em cena o Segundo Esquecimento: Os outros.

Aos poucos aprenderão a esquecer do que gira, se despedaça e morre na ventania, pois sempre foi assim e sempre será. Aqueles que ficarão chocados, uma hora deixarão de se importar. Os que já não se importam, uma chuva vermelha será encarada como um fenômeno natural. Detesto ir mais longe e imaginar pessoas se maravilhando com tal cena.
Em dias de chuva, o chão de lama será o menores dos problemas. Sujos, incapazes de reconhecermos o próximo ou até mesmo o nome das coisas, não conseguiremos conversar mais a não ser por urros e grunhidos. Quando tentarmos algo que precisaremos pedir, agiremos com violência para prestarem atenção nos nossos movimentos que codificam a urgência e desespero e, dominando ou despedaçando a alma do nosso igual, teremos poder sobre eles. Um mestre sujo comandando escravos imundos.

No meio da lama, sujeira e caos, sem poder ler nossos códigos e sorrisos diretos da alma ,lembraremos por ultimo o que acabamos de esquecer logo de começo.

O Terceiro Esquecimento: De Sí e de Nós mesmos.

Não sobrará mais nada. Como já fora alertado por pessoas que se importavam em tentar passar mensagens; entretanto essas próprias mensagens nunca chegaram a elas mesmas. Heróis cairão e sucumbirão ao triste esquecimento.

Eles, como responsáveis por grandes feitos, começaram a cair. Nunca pensei que fossem eternos, mas também nunca procurei me focar nisso. Agora a hora chegou, e não consigo impedir que seus pulmões não aspirem o ar tóxico.

Se é o momento final de testes, choro em dizer que não estamos prontos, ainda que perdidos nisso tudo, tentamos fazer o nosso melhor...

Vejo todos entrando dentro do olho do furacão...
Cada dia sinto que as ruas estão ficando vazias...
Cada dia sinto que nossas forças também estão sendo drenadas pelo vento rodopiante dos céus...
Cada dia sinto que esqueceram o nome daquilo...daquela...dele...disso...

...nomenclaturando nosso lar como Terra dos Suicidas.

Tire os fones e tudo que tapa os ouvidos.
Abra bem os olhos e use tudo que aprendeu.Ainda que não será o suficiente, mas olhe quantos outros estão sujos e se debatem procurando forças ou respostas. SE, em algum momento conseguir lembrar de tudo que foi esquecido, grite bem alto para que todos ouçam o que foi tomado e devorado de nós.

E evitaremos que nossos heróis morram, respeitando com saudação os que foram e daremos brechas para que novos nasçam para um novo tempo que não veremos.









segunda-feira, 11 de março de 2013

Unsleep Dreamer

Os três tomos foram seu chão, seu caminho e sua verdade. Não há como apagar o que foi vivido e escrito. Basta praticar o ato da lembrança e assim se torna eterno sua viagem. Mas não parou por ai. A Divina Trindade de sua própria vida expandiu-se e, assim que aquele menino se despediu de seu familiar, a história continuava em algum ponto, de alguma forma. Eram as linhas secretas e passagens que só Ela poderia gostar de saber. E ela não hesitou em perguntar o que houve. Onde os anos o haviam levado. Enquanto a realidade cuidava dos dois para sumir, sua voz foi como veludo repousando sob a existência dela. Alimentando, mais uma vez (como sempre fez) a curiosidade da senhora ali presente.

A curiosidade que abre mais um tomo, e essa é uma de suas páginas...


Ele caminhou, caminhou e seu caminho, pra dizer que não tinha só pedras, houve muita ação e desaventuras de tal modo que usou-se as antigas armas para tentar sobreviver. Mesmo moderando, aos poucos foi vítima do gás toxico e seu coração, mais uma vez, foi vítima daquela lâmina.

Ele se encontrava não parado, mas observando, estudando, de modo quase ocioso.

Ele estava cômodo, protegido como podia, inseguro com um possível retorno.

Mas haviam laços despedaçados, perdidos, desfeitos. E a vida trouxe, numa caixa de sustos e sentimentos, um convite para uma breve passagem no cenário de seus sonhos com sabor de pesadelos. O endereço da caixa veio exatamente desse lugar.

Ele havia perdido aquilo que julgava importante. Ele já não sentia uma importância dentro de si, mas mantinha-se em pé, de alguma forma. Seu trono foi abalado justamente quando se deparou que REALMENTE precisava retornar, porque mesmo o amor inexistente dentro de si, ele ainda dava importância ao seu gostar.

Suas noites foram em claro, olhos pesados, mareados, perdidos...

Estava ali, o começo de uma suposta perda, e tendo de de enfrentar estruturas enegrecidas de seus erros e de quem não aceitava suas falhas.

Não era uma muralha. Era uma cidade inteira.

Alimentou-se, ainda que sua boca mal abria, das compaixões próximas.
Alimentou-se dos tapas e surras na face de quem oferece o outro lado, por merecer apanhar.
Alimentou-se do medo e das sombras invisíveis que cismavam visita-lo no lugar de trabalho e na sua casa...

Bateu tudo no coração. Houve a mistura. Houve o levantar, a mala ligeiramente pronta contendo tudo e além do que não precisava. E foi, sem avisar.

Os quilômetros avançados eram como flechas que fincavam cada vez mais forte no corpo de quem avançava contra. Sua viagem tinha sim, gosto de estar viajando forçadamente e contra o vento.

A mente foi se perguntando o que poderia acontecer. Como seria. Que clima encontraria em seu itinerário:  Sol e tempo aberto ou Chuva e tempestade friamente cinza?

Num curto momento desamparado, olhou por curiosidade acima, e á sua direita. Teve a visão de algo que jamais imaginou estar ali, para reconforta-lo. Aquilo que sempre acalmou seu coração. E as lembranças o levaram à tristes páginas filosóficas e a um quintal escuro, de muito tempo atrás, que servira de proteção ao pequeno estudioso dos brilhos inalcançáveis...

Uma dor bem localizada cismava em doer. Pontadas era a comunicação feito Código Morse em sua caixa torácica avisando dos próximos momentos que os olhos captariam.

Cada subdivisão ele reconhecia algumas frases, algumas músicas. A película na cena era espantosamente antiga. Carregava em si centenas de anos: o trajeto de um coração puro rumo à distorção.

Os meses e os acontecimentos voltaram à superfície em uma velocidade incrível, que o fez pensar como tivera bancado o ingenuo achando que havia esquecido de tudo. Ali, cada fragmento de calçada, parede ou realidade, só ele assistia as cenas do passado, vivas, se mexendo e se contrapondo à visão noturna e real. Manhã, tarde e noite tudo ao mesmo tempo, numa tela à óleo de um Artista Expressionista, Auto-realista e Surrealista.

Seus passos o levaram a mais nova realidade. E o que encontrou assim que chegou foi um outro cenário. Ou melhor: o cenário era o mesmo, mas existia uma fina camada de areia que dizia que ali,o pó do esquecimento repousara na vida dos moradores da cidade, fazendo se esquecer daquilo que ele jamais tinha esquecido...
No teatro da vida, ali as ações e conversas diziam claramente que o mesmo vento que trouxe a areia, arrancou um capítulo antes, se tornando inexistente naquele lugar o que ele trazia consigo.
Sorriu e desejou, por alguns segundos, que o vento tivesse sido mais forte...

Tanto no sol quanto no escuro, andava cautelosamente, ainda que esbanjando cores. As cenas estavam ali, mas o brilho do Sol era mais forte a ponto de faze-lo se sentir um pouco confortável. Entretanto sabia que estava ali para ajudar em algo que futuramente poderia ser grande e difícil de derrubar.

Um de seus erros foi ter esquecido muita coisa depois de alguns dias...
Achou que acordou demasiadamente tarde. Não. Ele apenas fechou os olhos, querendo que permanecesse assim para sempre.



 

quinta-feira, 7 de março de 2013

A Lenda da Tristeza e a Felicidade Humana

Gostaria de não ter tido todo esse espaço de tempo entre essa postagem e a última. Soa como relaxo ou descuido...

Ah, boa noite leitor ou leitora desse humilde e torto blog (ainda não reparou que eu penso de forma controversa e torta? Então começa a reparar...rs). Como podem perceber, estou escrevendo de noite aqui, portanto, caso veja em um horário diferente, substitua o termo que usei para o do seu atual Presente.

 Enquanto eu esboço o texto da próxima semana, esse vem quentinho, com dedicatórias. Parando com a enrolação, hoje o texto vai ser uma espécie de homenagem ao Dia Internacional da Mulher, mas com algumas diferenças. Esqueça se caso você leitor(a) veio até aqui buscando informações de datas ou acontecimentos históricos em torno do tema, pois aqui não encontrará material  para fazer o seu trabalho de História ou Sociologia.

Também sinto informar caso procure meu ponto de vista na sociedade feminista atual, porque o que penso sobre isso, no momento, pretendo ainda não divulgar.

Para variar, o tema de hoje está, assim como todos os outros, com a mente nas alturas, sempre divagando em primeira instância se os pés estão bem colados ao chão. Como sempre parecem que não, então vamos logo sobre do que se trata ,sem rodeios.

O ano data o de 2010, e eu era ainda bicho na faculdade de Pedagogia. Na semana do Dia Internacional da mulher, a professora de Filosofia (Professora Fátima, um Beijo pra você!^__^) pediu para que cada um de nós escrevêssemos uma lenda onde contava como surgiu em nosso mundo a Tristeza e a Felicidade. Uniu-se então as duas coisas que bem gosto de ter: Aulas de Filosofias e aulas de Redação.

Aceitei o desafio de peito aberto e , aproveitando-se do dia 8 de Março que se aproximava, dedico, assim como dediquei às todas as mulheres daquela classe que hoje se encontram formadas, à todas as outras mulheres que estão lendo esse blog ou não, e que lutam diariamente, trabalhando como podem esses dois sentimentos internos que nos seguem até o fim da vida. E, as vezes, após também...

Eis a Redação (que acabou virando uma História) :

O mito da Criação da Tristeza e da Felicidade Humana
Ao contrário do que dizem que a primeira criação humana de Deus foi o Homem, na verdade foram duas Mulheres. Muito antes de Adão e Eva e consequentemente o surgimento de Lilith.
Deus estava criando o Universo e, enquanto criava, pensava em dar origem à uma raça de criatura que pudesse se expressar honestamente, independente da sua inteligência, entretanto que fosse sincera para com seus próprios sentimentos. Então Ele, sobre a forma mais bela e singela, frágil e delicada, fez a Mulher, propositalmente desse jeito, para que ela fosse inibida de se esconder por trás de qualquer aparência forte, robusta e que pudesse ocultar qualquer pensamento ou atitude.
Feito a primeira Mulher, O Criador achou que tinha se superado (se é que isso era possível). E, pensando num rápido aprendizado dessa nova raça, Deus fez uma outra mulher, muito similar à primeira. A intenção de Deus era colocar as duas para atuar no Palco Da Vida e testar a nova fórmula que ele inventou e achou indispensável para essa nova raça: O Sentimento.
Essas duas criações precisavam de nomes. Até então as duas fora sua maior e melhor obra. Deu o nome de Felícia para uma e Tristânia para outra. No entanto ele decidiu que, na vida que elas levariam, ele facilitaria apenas para uma delas, para que ambas aprendessem coisas diferentes uma com a outra.
Ele criou também um lugar especial para elas: um mini-planeta planeta chamado Amahzonn e arquitetou de modo que uma morasse de frente para outra, como vizinhas.
Para Felícia, Deus lhe deu uma bela casa: grande, alta, com um belo jardim na frente. Flores, rosas, borboletas e alguns pequenos animais faziam parte com maestria. Felícia então deu o nome de Édeno para o seu jardim abençoado. Nada faltava na casa dela. Tudo era muito bonito e abundante.
Para Tristânia, embora a casa dela fosse do mesmo tamanho que a da Felícia, sua casa não tinha cor ou vida e também não fora concedido o mesmo jardim como o da sua vizinha. No entanto era grata por poder presenciar aquela visão maravilhosa que tinha em frente à sua casa, do jardim de Felícia. E, conforme o tempo passou, elas se tornaram amigas inseparáveis. Quase todo instante Tristânia estava na casa de Felícia brincando ou conversando, ou ainda ajudando nas tarefas de cuidar da bela casa e do belo jardim da amiga.
Mas, no fim do dia, quando Tristânia voltava para casa, ela sentia um vazio. Olhava tudo aquilo e não entendia por que a amiga tinha toda aquela beleza ao seu redor e ela não. Tristânia se conformava de algum jeito...
O que ela sentia naquele momento era algo muito diferente da inveja. Era apenas um vazio, um buraco dentro dela que a consumia em pensamentos por ser incapaz de possuir tamanha beleza ao seu redor. Entretanto respeitava muito o que Deus tinha dado apenas para a sua amiga.
Tudo isso a transformou num ser cada vez mais calado, sério, dentro de seus próprios pensamentos. Felícia, ao contrário, sempre estava com um sorriso singelo em seu rosto cativante, meigo, lindo...
Felícia havia notado que sua amiga estava cada vez mais quieta, séria e não conseguia entender o porque dessa gradual mudança. Para a dona do jardim mais belo nada era evidente.
Sucedeu-se porém que um dia, Deus, observando e anotando minuciosamente as atitudes de suas duas criações, acidentalmente esbarrou em uma bacia gigantesca de água, que ele havia criado para preencher sua mais nova obra chamada Terra. Esse acidente fez com que boa parte fosse derrubada em cima do pequeno planeta Amahzonn onde, naquele momento, Felícia estava dentro de sua casa e Tristânia, na sua.
Da janela, a moça que não tinha o jardim bonito viu uma enorme montanha de água vindo em direção da casa da Felícia. Aquele sentimento de desespero tomou conta de todo seu ser e correu impulsivamente, sem saber o porque, na direção da casa da amiga.
Gritou para que Felícia se agarrasse nos pilares de sua casa e não saisse de lá até que a enorme montanha de água passasse.
Tristânia, Abrindo os braços, se colocou entre a gigantesca onda e a rosa do começo do jardim, que ela mesma tinha plantado no dia anterior. 
De dentro da casa, Felícia, pela primeira vez, sentiu seu rosto como o da amiga: não estava sorrindo mais... E, fechando os olhos, sentiu a enorme onda engolir seu jardim, sua amiga e boa parte da sua casa. Aguentou firmemente, agarrado nos pilares, até que a enchente passasse. Após o incidente, ela correu para o jardim e viu tudo destruído. O rosto de Felícia estava cada vez mais com uma expressão assustada, séria, sem entender o que acontecera.
Ela caminhou até o corpo de sua amiga que estava ali, deitado, sem se mexer, com a rosa que tentara proteger, em suas mãos, agarrada em seu peito que já não mais batia um coração. Porém, a expressão de Tristânia estava diferente: havia um sorriso sutil, singelo, inocente como era o da Felícia. Essa, por sua vez, tocou no rosto da sua amiga morta e, logo em seguida no seu próprio e notou que não conseguia mais sorrir. Aquele sentimento bom que existia dentro dela não a pertencia mais. Havia perdido tudo o que tinha, inclusive sua única amiga.
Deus, lá de cima, percebeu que ali ocorrera dois sentimentos opostos à flor da pele. Também sentiu muito pela perda de uma das suas criações que amava tanto. Em homenagem, definiu que, tanto ele, Ser Supremo, quanto Felícia, estavam TRISTES.
Vendo que sua outra criação não conseguia mais viver com tudo o que perdeu, tirou a vida de Felícia e abandonou o seu projeto.
Entretanto, Deus também observou atentamente no sorriso de Tristânia e percebeu que, naquele último momento, ela estava certa para com o que e quem ela queria proteger. Naquele momento, ela havia chegado ao ápice do sentimento natural de Felícia. Concluiu então que Tristânia estava FELIZ.
Apenas muito tempo depois Deus retomou o seu projeto de criação da Humanidade e em homenagem a suas duas primeiras criações, Ele embutiu em nós esses dois sentimentos que chamamos de Tristeza e Felicidade Humanas.

                                                                                                                                       FIM

Mulheres, fiz esse mito pensando em vocês e homenageando vocês. Parabéns pelo Dia Internacional da Mulher (que é todo dia) e que não cessamos tão cedo essa guerra dos sexos: é muito prazeroso conflitar nossas diferenças e ameniza-las no parque, no cinema ou mesmo na cama. o/
Um beijo especial pra todas as mulheres que fizeram e fazem a diferença no meu dia a dia: mães, avós, amigas   e as futuras...