segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A.M.paro

É um relampejo. Mas posso descrever como um relógio que se conflita com um outro, interno, mutável e que desperta assim que o externo chama. Vai do gosto de cada um de como ser chamado logo antes da natureza clara dar sua face luminosa.
A preparação é um ritual onde acusa como o dia pode ser. Sim, é tão baseado na fé com suas esperanças e incertezas. Mas é feito com a concentração que me é dada, levando em conta quantas horas eu realmente descansei. Então as ações são semi-concentradas, pecando apenas na sincronia com o externo. Perfeição de um adulto responsável e ligeiras cambaleadas de um jovem menino são refletidas pelas sombras que deslizam pelas paredes projetada graças uma luz fraca, dentro de uma concha chamada de "lar".
O céu me aguarda, silenciosamente e pestanejando, com a cara da madrugada,como se fosse em minutos antes de cair numa longa conversa com seus amigos boêmios numa roda de segredos; Os seus últimos rastros de qualquer coisa que vira ou escutara vai se aquietando aos poucos: os olhos quase que fechando ao mesmo tempo, pronto para cair num sono atrasado arrastando uma dor de cabeça pela bebida e pela ressaca abafada. Resultado do próprio Sol do dia, que ainda virá.
Meus movimentos no breu azul cobalto do cenário me acusa como um animal que busca a sobrevivência lá fora. Não raros são outros animais que fazem o mesmo;os mesmos dos outros dias. No entanto, pareço me destacar mais por ser híbrido, e julga-los na minha ignorância como "normais" demais. Eles optaram por ser a dor e a salvação deles naqueles trajes. Eu também...
Pouca coisa herdei de meu berço, por ser o lobo que morde o braço que alimenta, incluindo o meu. Esse meu instinto não cessa e não sossega, dado apenas alguns passos: estudar o dia. Meus olhos, janelas das quais não estão abertos a qualquer transeunte curioso, fixa e manda as informações feito dois espiões que são os olhos de um país poderoso, me relatando o que vê entre grandes colossos de concreto. Qual a coloração acima deles, formato das nuvens e ainda me sugerem ;conselhos sobre os sentimentos efêmeros que posso vir a sentir ao longo do dia.
A plataforma mistura ódio e benção entre os que se movimentam buscando a vida e a luz que os banham. Em momentos aleatórios me reviro pela revolta da cena de que ninguém percebe o quanto está bonito a muitos quilômetros dali, mas que ainda somos escolhidos para admirar. Mas ninguém o faz. Tem pressa. Andam cambaleando, e correm para garantir a comida. Eu também tenho pressa. Mas consigo admirar.
Quando a vida nasce esmagadora, consigo ainda espiar e contemplar de 'rabo-de-olho' enquanto ando rápido. Foi bom ter treinado coordenação motora...e é revigorante lutar contra a vida, as vezes.
Minha companhia devem ser as mesmas. Já observei uma ou duas vezes. Não me prendo a observar. Muito. A hora do dia tem um poder fortíssimo de influência a distorcer olhares, dizeres, favores e delicadezas. Ao menor dos movimentos as cápsulas podem se tornar um grupo de luta onde haverá sangue. Se levarmos no coração, poderá haver mortes ao longo do dia. A nossa morte, claro.

Os olhos levaram muito longe dessa vez. A passagem estava mais aberta do que costume. Só as vozes, repetidas vezes e de quem não se cansa trouxe de volta aquele (ou aquilo) que cismou hoje sair pra mais longe do que o normal. Para uma cena, estava um ótimo adulto: cheio de preocupações, se debatendo e se convencendo que és uma pessoa responsável. Séria.
Para um estudo aprofundado, era uma bela criança: sem muito espaço para pensar em coisas sem importância  devorado pela ignorância de "não se importar" dos adultos.

O dia chegou ao fim da mesma forma que veio. Deve ter passado inúmeras cores. Inúmeros sorrisos. Inúmeros corações felizes em compartilhar a euforia e tristes querendo um abraço sincero.
Eu estava lá, camuflado no limbo.Feito ele: preto-e-branco. A cada abraço, meu corpo se desintegrava em areia fina,desmanchando e se refazendo após alguns minutos. Mas estava lá, de alguma maneira. Em forma de areia, eu ainda precisava "caçar".
Não erroneamente como no passado. O "caçar" de antes era mais irresponsável. Perdi inúmeras patentes, mas não me incomodo com isso. O "caçador", de outrora, havia sujado o próprio nome. Agora é do começo, e talvez mais puro e bem mais lento.O departamento também agora é outro: "é não deixar crescer". E é melhor assim. Admiro essa distancia. Tudo fica mais seguro.

Ser uma engrenagem tem suas vantagens e dores. Estar entre elas é só desespero e fraturas expostas...


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