domingo, 21 de julho de 2013

Existência Incômoda com a Existência

O meu lugar é... Não é.
Não me sinto útil num momento tão delicado como este.
É só encontrar uma fresta e pronto: estou nela. Daí fica fácil superar ou esquecer momentaneamente os mais diversos problemas.
Está certo isso? eu não deveria sofrer mais do que já estou sofrendo?
Será que me trará mais foco? Até onde sou culpado em burlar alguns sentimentos com tantas coisas lícitas e ilícitas?
Estou num lugar, e já quero sair dele. Vou para um outro, e desejo voltar pro primeiro. O terceiro existe, busco, e acabo achando uma bosta, maldizendo até o 4°, que nem sequer apareceu.
O tédio e a velocidade da boa vontade me irrita. Velozes feito tartarugas.
Vejo humanos, mas não vejo humanidade.
E o produto da moda é a tal da "fé"... Não sei do que ela é feita, nem sei como obtê-la. Mas todos dizem dela como se fosse uma amiga íntima que já salvou milhões. Eu não suporto mais ouvir isso. Ou aquilo. As vezes dá a impressão de que, se caso eu não acreditar, serei sentenciado com uma perda. Me vendem a crença de que tem alguém que salva, alivia, atende, ouve, vê...

Olho, quero abraçar e quase o abraço não sai. Nunca tive problemas de me expressar, por que agora surge as dificuldades?
Porque não consigo dizer"eu te amo" como eu conseguia sinceramente a 25 anos atrás? Não quero soar automático, feito um robô? Ou feito como algo sem valor, que existe nas ruas hoje em dia?

Eu me auto sufoco, com pensamentos que me empurram para baixo. Impotência, é o que eu sinto. Vontade de correr e não existir, ou se extinguir com o vento. Incomodado com a própria respiração, pequenos atos que me tragam ligeiras alegrais, numa depressão pior ainda horas depois?

As paredes dentro de mim estão cansadas de tremer pelos meus gritos de covardia. De não ter o poder de fazer o que já deveria ter sido feito. Ora, vamos: estamos falando de uma vida, porra!

Por outro lado, eu vejo um amor que eu nunca vi. Eu vejo rostos que mal vi chorar. Eu vejo vidas que fizeram um acordo de estarem juntos na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, e cumprem com maestria, sem nenhuma traição! Atitude rara hoje em dia, enquanto respiramos...

Deixo de fazer algo, e esse algo vem de um outro lado, de uma outra direção, quase me dizendo que não tem como eu escapar ou me isolar. Que de um jeito ou de outro eu preciso fazer algo de bom ou de ruim. Só não to vendo valor nas minhas mais honestas tentativas de ser útil.

No momento, não há momento. O gosto amargo de eu estar vem na boca. Nada me anima. Abro mãos de sonhos pra nada.

Se tudo, de uma certa forma, está programado, e não consigo fugir da teia, então temo o futuro que me aguarda em marolas de um mar inconstante.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Laços Encharcados & O Valor do Ar

Um lado eu vivencio teoricamente uma fantasia. Teórica porque de fato ela não existe. É apocalíptica demais para a atual realidade. Mas nela eu vejo claramente cidades devastadas, casas abandonadas e pessoas lutando pela vida, nem que pra isso a leve a matar outras pessoas. Talvez, matando-as, tragam mais 5 minutos de vida ou quem sabe uma semana.


Do outro lado, vivencio o que todos os meios de comunicação me dizem sobre o que é a Verdade. E estou nela. Nesta, fui a principio criado a não ser muito otimista e não dar valor a vida.
A lamentação foi uma das armas mais usadas. Mas agora abre-se uma clara missão de que chegou a hora de eu provar que a vida tem valor. Eu preciso provar pra uma pessoa específica o valor da luta pelo ar que respiramos. Pelos minutos e segundos que estamos aqui, e que não é em vão. É um jogo confuso, porque talvez eu ainda não tenha aprendido, e enquanto divago, segundos são perdidos e jamais recuperados. Confuso porque a minha descrença não salvará ninguém. Confuso porque devo desfazer a crença da desvalorização das batidas do coração. Uma vida depende disso.


E boa parte do meu mundo secreto começou a se abalar. E agora ele ameaça desabar, pra sempre...


Insônia. Ainda não entendi as regras do jogo. E essa missão me tira o sono. Deixa-me com os olhos pesados, ardidos como se houvesse chorado 45 anos. Me sinto que saí de casa, ainda pequeno, em busca de um grande tesouro, que fosse lendário, e que traria paz para meu povo, meu vilarejo, minha casa, minha família. Sai e parece que nada achei. Os laços que estavam amarrados em mim fui perdendo no meio da aventura. Ora ficava enroscado em galhos; outros simplesmente rasgavam. Caminhei tanto, que acabei cansando e comecei a andar sem rumo. Já havia desistido de procurar. Só quem olha de cima sabe o quanto me esforcei, mas  também sabe o quão insignificante foi a distancia percorrida antes e durante a desilusão de procura.
No dia da partida, lembro-me de ter ficado indignado com as palavras que eu ouvi sobre a vida não fazer sentido. Achei uma besteira sem tamanho. E na viagem, já nem podendo mais voltar (e não desejava isso), eu ia cada vez mais em frente e cada vez mais aceitando de bom grado as palavras que outrora não fazia sentido para o coração desbravador que saíra de seu vilarejo. Me tornei como o povo do meu vilarejo. Um "inconsciente respirador".
Não que não se esforçavam para entender cada inscrição antiga nas paredes de nossos limites territoriais. Mas as diversas interpretações os cansavam a cada dia...
Pergunto as vezes, só por perguntar, se dentro de outras casas, em vários lugares que passo, é assim.
Sei que nunca dizem a verdade. Pois podem ocultar verdades ainda mais sombrias ...

Me sinto um quebra-cabeças, com algumas peças faltando nas 4 pontas e uma no centro, mais precisamente do lado esquerdo da minha própria imagem pintada.
Essa peça, dentro dela, está a resposta, a escrita, o modus - operandi de como ser bem sucedido na missão. Como resgatar aquilo que foi perdido. Porque nossos tesouros podem ser vários. E parece que só damos conta deles quando os perdemos.

Se o por do sol existe, ele me traz uma canção triste e profunda. sua luz que gira amarelo,laranja e vermelho me traz uma solidão como num mundo onde me mato pra me manter vivo.

Se a chuva cai,o céu cinza é o imperador que diz que a Esperança está longe de ser resgatada. A água gelada proveniente da chuva e o vento forte são, se num mundo perfeito, o que traz a vida,  no meu podem trazer a desistência por serem nocivos à saúde. São os dois ladrões e detentores da Esperança. Entretanto tudo depende de como se encara, como se interpreta, e como caminha adiante...

Alcançando estes, por exemplo, tudo torna amigável, e os dois conceberão o prêmio que guardaram...


Sinto que minha casa está vazia. Dentro e fora.
Que as coisas ficarão estáticas com o tempo. Cheirarão ruim pela casa trancada.
Que o tempo vai parar. Não terá tanto movimento. Bem, ela também precisa de um tempo sem mim, e de minhas maluquices.

Reconheci, em minhas andanças lá fora, uma habilidade muito importante para se manter de pé. Escapar dos perigos. Revitalizar a energia perdida. Necessito disso agora. Até o dia que partirei, juntarei essa energia.
Coletarei no mais carinhoso movimento. Colecionei vários até hoje e creio, se não fosse por eles, eu ja estaria morto.

O Abraço...

É algo que o ser humano pode fazer quase sem nenhum esforço. Nesse momento, preciso de muitos mais do que nunca. Muitos, pois não posso sobrecarregar quem já está me dando sem nada em troca.
Quando é demasiado bom, as lágrimas correm para fortalecer aquela energia e gesto.
Os que não puderem dar, sinto revelar que irei roubar. Desculpem, mas não é pra mim, em termos.

Eu preciso juntar toda a força deles num só lugar. Preciso espalhar logo após por todo meu corpo. Preciso fazer com que emane pelos meus poros e faça meus olhos brilhar de uma forma incandescente.
Uma vida depende disso.

Eu terei de ser uma das veias ligadas ao coração.
Eu terei de estar presente como o ar.
Eu preciso ser a água escondida num poço no Deserto.

Acima de tudo, eu preciso provar que a luta pela vida vale a pena.
Com todos esses abraços que recebi até hoje, cheguei onde estou.
Mas agora é hora de transferir para quem precisa.

Serei o mediador. Manter de pé minha alegria. Minha minúscula crença.
E fazer disso tudo a cura.

Todos os meus amigos, meus sinceros Obrigado.
Sei que não estou longe. E gabo em me dizer que, onde quer que eu vá, estarei bem acompanhado por vocês. Obrigado pelo carinho e pela força que me dão diariamente, seja os conselhos, os tapas na cara, ou as horas desperdiçadas com a mais simples felicidade de sermos amigos...


Agora preciso arrumar as coisas e partir. Enxugar os laços. Respirar fundo esse ar. Raciocinar focando a vitória. Colocar todos os abraços dentro da minha caixa e salvar... Salvar entre pessoas e laços, a crença de que a vida tem valor.



                                                                                                               O ladrão de Abraços

sábado, 6 de julho de 2013

Brenda

Estranho. Ainda não acordei.
Não lembro-me de ter tomado nenhuma birita ontem a noite. Mas a sensação é de uma declarada ressaca, onde me encontro, neste exato momento, com dor de cabeça.

Lembro-me apenas de meu corpo produzir uma substância, ao longo do dia, e eu tomar aos poucos, em doses regulares.
... 

Ah, sim, e ter virado tudo à noite, numa explosão impetuosa de certas coisas que deveria fazer. Após isso, lembro-me de ter voltado ao estado inicial, mas com algumas lembranças que me chateavam.
Me distrai como pude, e dentro de mim, algo estava sendo ainda produzido, em silêncio.
 

Tinha aparência real.
Personalidade.
Movimentos próprios...
...e por fim, nome.
Nunca a vi na vida.

Veio abalar o meu coração, numa noite de 12 horas...


Numa confusão onírica, embora me encontrasse dormindo, misturou as cenas do que vi ao longo do dia. Lugares que frequento ou frequentei. Ela estava lá; apareceu. Não sabia de onde tinha vindo. Mas sua personalidade forte logo de começo me chamou a atenção.

O que geralmente acontece com os outros começava a acontecer comigo. E minhas paredes sumiam interessadas na suposta armadilha...
Seu rosto, cabelo, corpo, e o sorriso, revelado no fim, era um grande conjunto de pequenas peças pregadas com o intuito de adentrar em minha vazia caixa toráxica, que não bate nessa sintonia já faz um tempo. E olha só, que novidade: desta vez, não trazia em sua bagagem nenhuma semelhança do que eu já cheguei a gostar...
Era nova,entretanto, nem tanto. Vacilava em uma ou duas frases, embora seu império interior possuía um semblante das muralhas mais altas e sólidas. Mas já admirei inúmeras de longe; pensava assim e, logo que me aproximava, percebia que eram feitas de papel machê.

Essa, como ser humano, não era diferente...


Nosso definitivo encontro teve de esperar, por conta de uma confusão mundial que veio como um conflito em nosso enredo. Claro, tinha de ser no nível baseado no que vi no mundo real, pertencendo a mais um mundo imaginário, que por loucura muitos desejam, e eu simplesmente temo que isso ocorra.

O tempo foi rápido em cuidar dos detalhes da vitória, e tão logo me encontrei com ela novamente. Acho que agora sim, conheceria aquilo que eu estava disposto a viver novamente...

Mas...

Uma outra pessoa entrou na mistura...Disposta a lutar pelo que acreditava. E me encontrei dividido.

O Medo e Sentimentos tomam formas infinitas dentro do Mundo Amplo da Madrugada. Controlam corpo e imagens feito marionetes. E não tem dó da sanidade mental de seu Sonhador...
Por fim, tudo isso acaba com uma cena que reflete algumas culpas e alguns ressentimentos, que desencadeou o ápice do dia anterior. Eu a escolhi, e fazendo isso, deu a entender que estava dando uma nova chance. Para mim. Para nós.

O despertar trouxe consigo a ressaca. Agora sim, me lembro. Ontem a noite eu produzi meio litro de veneno e ingeri ao longo do dia e, a noite, tomei tudo o que restou num só gole.

Não era à toa que me encontro desse jeito. Mas tudo que aumenta no mundo dos sonhos, perde sua força se voltar para ele.

Por ora deixarei você lá novamente. Me perdoe, meu mais novo amor: não é nada pessoal.

Posso até dizer que, se não fosse por você, duvidaria que existe uma fagulha que poderá acender mais adiante. Obrigado, de alguma forma. Mas suas coincidências  no mundo real não me assustam por enquanto.


Agora, Adeus.