sábado, 8 de dezembro de 2012

Suor & Energia

Olhos abertos mais do que de costume. Assim, entraria pensamentos demais. Ruins. Sairiam os melhores, os bons. Os de paz.Isso era uma grande desvantagem.
Eu sabia que isso era consequência de outros atos.
Me perguntava onde eu estava. Se ainda tinha consciência.

O stress tomava uma dimensão incrível.
Os músculos tremiam.
Não conseguia controlar meus olhos.
Havia perguntas profundas.
...E parte delas foram respondidas em 3 horas. Precisou apenas de paciência...
Alegria...
Sinceridade...
... E a entrega total no acreditar...

Eu enxergava a felicidade nos outros. Uma combinação de ações me fizeram sair de cena, e por consequência disso eu acabei saindo por demais. Simplesmente não deveria fazer isso, onde a ponte que eu caminhava exigia uma mostra do que eu sou. De quem eu sou. Do que sou capaz. De onde posso chegar.

A princípio, houve uma mania de comparação. Nesse caminho, ainda em cima da ponte, me perdi em sua plataforma. Caminhava reto, sempre em frente. A minha ponte normalmente faz curvas;me faz voltar quase pro início, mas no entanto é familiar. Eu estava perdido justamente por só seguir em frente. Com os olhos estagnados, absorvendo tudo...de ruim.
As companhias noturnas foram invisíveis, mas estavam lá, se desmanchando no escuro do quarto. Me observava(m) com vontade de devorar meu cérebro. Julgavam sem dono e, mesmo se tivesse um, estariam dispostos a atacar da forma mais simples: incinerando-o. Me vigiavam, em pé, um pouco inclinado, pra dentro da minha cama, como a mãe que observa o filho recém- nascido. Eles não me permitiam um sono nem uma noite tranquila. Isso expandiu até outros universos...Até ao colchão do outro lado do quarto.
Autossabotagem  é comum nessas horas compridas.

Mas haviam outras vidas precisando de mim. Adultos e Crianças. E não poderia  me deixar engolir pela lama do Limbo. Ela me degustava silenciosamente, vagarosamente. A fome sente fome de tudo. E eu era o prato principal.
Houve esforços. Demais. Ao fim do dia, a energia não era resgatada. Estava sempre no vermelho. E onde eu ia parar, enquanto estava com o pensamento e olhos presos numa imagem preto-e-branco?

Caminhei com o coração mais pesado pelas dúvidas. Os passos refletiam o suor excessivo. Os olhos alheios  e dependentes tentavam copiar. Marcações, gritos, xingos, tudo fazia parte de um bolo, um todo. Sujo. Perdido. Sem direção. A direção sabíamos, claro. Mas ainda sim, sem direção.

O tempo não espera por nós. E castigados a cada minuto, fizemos ser seguidos. Na borda do limite, mostramos que o suor compensava, nesses dias de calor. Fomos conseguindo paciência. E o dia chegou...


Lá , no lugar, haviam depositados 1002 expectativas. Não tinha como sair perfeito. Mas meu núcleo fez o melhor. Eu suava, já em cena, como nunca. Roupas pesadas e passos livres. Certos. Confiantes. Mais uma vez, eu apaguei segundos antes dos holofotes mirarem em meu corpo e eu devolver a mesma intensidade de luz que me fora cedida. Desde aquele tempo que não nos permite lembrar...


Ouvia de longe os assovios e o delírio dos pais. As crianças faziam o que sabem de fazer de melhor, na hora da responsabilidade: brincar. Isso conferia para eles passos melhores que os meus, asas de anjinhos e diabinhos que vieram para brilhar feito estrelas.
O palco era nosso.
A felicidade dos outros vinha de nós.
Sobre a lua minguante, escrachávamos a sociedade, o mundo, sem ele perceber.

Brilhamos como nunca.

Me senti feliz.

A pergunta que tinha foi evaporada em menos de 10 minutos e 3 apresentações.

" Será que no fim, tudo estava no seu devido lugar? Valeu o sacrifício?"

E a resposta é a mesma desde o começo:

" Estamos dando nosso melhor desde o primeiro momento. Então, vamos continuar a caminhar."


Feito um remédio e um chá para a febre, eu me purificava nos movimentos que hoje me sinto à vontade.
Estava extraindo tudo de impuro no meu coração e no meu corpo. O palco me deu a energia e em troca, pegou pra sí toda a negatividade que saia de meus poros. Abençoado e divino seja esse chão que dá, recebendo em troca, sem reclamar, a energia maléfica.

Aplausos.Cumprimentos. Reconhecimento. Salvação. Sentimento de algo completo.
Ainda não acho palavras para descrever um evento relativamente rápido e de tamanha gratificação.

À professora Marcela, meus sinceros agradecimentos. Foi uma energia sem igual carregar as crianças quando essas não sabiam o caminho e me levantar todas as vezes que tropecei.

Às Crianças, que absorveram o que tinham de fazer nas brincadeiras e na felicidade que batia em vosso corações.

Ao professor Rafael, que tem a coragem de me confiar certas responsabilidades...

À todos e tudo que me causam dúvidas. Vocês ainda me movem, não sei como.

À mim, que nunca sei do que sou capaz de fazer...

Mas ainda não acabou. Tenho um longo trajeto e ainda preciso ajeitar algumas coisas.
...A rosa dada, que infelizmente não durará uma semana, é o simbolo de que, de alguma forma, eu cativei alguém  Alguns, algumas...Formaturas e passos, são os primeiros passos.


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